Gente que a Gente não Esquece!

Viagem sem Regresso

com a devida vénia do Jornal "O Lobito"

Edição da Associação de Naturais, ex-residentes e amigos do Lobito

Maria Romana Dumas Diniz - É um nome que diz muito aos lobitenses em geral, particularmente àqueles a quem ajudou a sair de situações difíceis. De pequena estatura física, tinha porém um coração enorme e generoso. Maria Romana nasceu em Lisboa a 31 de Março de 1916, vocacionada para a prática do bem-fazer. Casada com Rodrigo Diniz, chegou ao Lobito em 1949 e quatro anos depois era contratada pelo Governo de Benguela, para coordenar as acções de Assistência Social em todo o Distrito de Benguela. No âmbito dessa missão, colaborou com a PSP na repressão á mendicidade e reestruturou o Albergue de S. Filipe no Cavaco.   Em 1965, depois de ter recebido um Louvor do Governador Hortênsio de Sousa, "pelo seu alto espírito de humanitarismo, dedicação às classes desprotegidas da sorte, actividade e zelo, desinteresse e altruísmo" , transitou para a Junta de Acção Social no Trabalho de Angola (JASTA), sob cujos auspícios montou o que se pode considerar os primeiros serviços de emprego em Angola, (um em Benguela e outro no Lobito). Foi também com a sua comparticipação e a cooperação da Sorefame, que se efectuaram os primeiros Cursos de Formação Profissional em Angola, abrangendo áreas de Construção Naval e Metalurgia. 

Mãe de 5 filhos José Luís, Margarida Maria, Maria Teresa, Rodrigo Manuel e João Pedro (Quico).

                                                       (in Jornal O Lobito)              

Drª Ofélia Romero de Albuquerque, nasceu em Lisboa a 27 de Novembro de 1909, nela tirou o Curso de Medicina e Cirurgia e dali saíra para Angola em 4 de Julho de 1951. Integrada no Quadro de Saúde do Ultramar foi colocada no Hospital Central de Luanda, onde se manteve pouco tempo, até ser transferida para o Dispensário de Puericultura de Benguela e deste para do Lobito, entretanto inaugurado e cuja direcção lhe foi confiada. Á frente deste Dispensário desenvolveu uma acção a todos os níveis notável, tanto no domínio da assistência pré-natal como durante e após os partos com especial relevância para um carinhoso apoio às crianças mais pobres, através  do fornecimento gratuito de medicamentos, roupas e alimentos lácteos. Foi uma obra admirável aquela que a saudosa  médica realizou. Obra de Amor, obra do coração, de verdadeiro sacerdócio, ela só foi possível mercê de uma persistência muito grande e dos esforços exigidos pela angariação de auxílios particulares indispensáveis para suprimentos das dotações oficiais. Foi uma Luta que só uma Mulher de rija têmpera e arreigado espírito humanista, uma Mulher integra como era a Dª Ofélia conseguiria levar a cabo com êxito pleno. 

Bem Haja Drª Ofélia!

(in Jornal O Lobito)

Manuel Duarte Machado,  Transmontano de gema – pois nasceu em S. Mamede de Ribatua em 19 de Setembro de 1918 – a sua postura na vida, identificava-o como tal: Era um homem franco e leal, de grande verticalidade, bem pensante e falante. Firme nas suas convicções, defendi-as ardorosamente, com lucidez e sinceridade, sem todavia deixar de respeitar as alheias.   Desafectado no trato e desambicioso de bens materiais, para ele o que contava era a amizade, dando mais valor à estrutura moral do que à condição social daqueles com quem privava. Este somatório de predicados fizeram dele uma figura popular e geralmente estimada no meio lobitense. Manuel Duarte Machado foi para Angola em 1940, mobilizado,   tendo por isso interrompido os estudos na Faculdade de Medicina do Porto. Seduzido pelo ambiente africano não regressou com o seu batalhão e ingressou no quadro aduaneiro, fixando-se na Cidade do Lobito. Algum tempo depois desligou-se do funcionalismo para se tornar empregado despachante da Companhia de Benguela até ser nomeado despachante Oficial da Alfândega em Dezembro de 1959; cargo esse que exerceu até 1975 com reconhecida competência e grande solicitude. A Descolonização trouxe-o de volta a Portugal e fê-lo as mesmas vicissitudes que todos os outros profissionais aduaneiros regressados do Ultramar, até conseguir refazer a vida como Despachante da Alfândega do Porto. Uma vida que não foi longa, nem isenta de sofrimentos físicos na fase terminal, como merecia um homem bom, generoso e franco como era Manuel Duarte Machado. Um amigo que hoje se recorda com saudade.  Casado com a Dª Alda Alexandrina Duarte, que viria a dar dois filhos: Anabela Duarte Ribeiro, presentemente a viver em Macau com o seu marido e António Manuel Duarte Machado, funcionário do Montepio Geral em Campo de Ourique (Lisboa).  

(in Jornal O Lobito)

Dr: Ivon Luís Martins Brandão Nasceu na Beira Alta a 26 de Agosto de 1924, oriundo de uma família bastante numerosa (20 irmãos). Licenciou-se pela Universidade de Lisboa em 1955, alternando os estudos com o trabalho de funcionário da secretaria do Liceu. Foi em Angola que iniciou a actividade forense, em 66, actuando nas comarcas do Luso e Bié. Só dez anos depois se transferiu para o litoral, abrindo escritórios no Lobito e Benguela. Advogado com uma extraordinária capacidade de trabalho, competente e honesto, não teve dificuldade em vencer num meio onde os valores humanos sempre foram justamente apreciados pela população. Graças aos seus êxitos profissionais e ao ambiente de simpatia que soube criar à sua volta, conseguiu reunir uma invejável carteira de clientes, que incluía dezenas de algumas das mais importantes instituições oficiais e empresas privadas do distrito. Tinha um “hobby” a que se entregava com verdadeira paixão:- Os automóveis e as corridas. Chegou a ter 13 carros de excelentes marcas. Tripulando alguns deles participou em muitas competições demonstrando sempre um desportivismo invulgar. O Dr: Ivon Brandão era realmente um bom homem, simpático e bem-intencionado. Essas suas qualidades justificavam o prestígio e a estima de que desfrutava em toda a zona de Lobito / Benguela. De Regresso a Portugal em 1976 continuou a exercer Advocacia tendo tido outros cargos Oficiais. Esteve um ano como técnico jurídico na Sub-comissão Interministerial de Saneamento e Reclassificação; foi auditor jurídico em processos de inquérito aos Serviços Sociais da Universidade de Lisboa; por proposta de comissão instaladora da Universidade de Aveiro, o ministro da Educação e Ciência nomeou-o para o desempenho das funções de Administrador daquela Universidade lugar que ocupou entre 1981 a 1990. Finalmente exerceu o cargo de Administrador da Universidade Aveirense tendo-se aposentado em 26 de Agosto de 1994. Por este cargo, recebeu um Louvor da Reitoria da Universidade. Faleceu a 27 de Setembro de 1994.

Ivon Brandão era casado com a Drª Maria Fernanda de Almeida Barreto Miranda Brandão e era pai da Drª Ana Cristina e Drª Maria João.

(in Jornal O Lobito)

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